
A senhora das águas salgadas é o orixá mais popular de todo o Brasil. Seu culto de origem africana reverencia a fertilidade, a gestação, a abundância e o amor pois Iemanjá é considerada mãe de todos os orixás. Sua imagem é uma mulher de seios fartos e ancas largas, com cabelos longos e uma longa túnica na cor azul.
Existem muitas histórias na mitologia Iorubá, sobre Iemanjá. A mais conhecida é que ela teria ajudado Olodumare (Deus) na criação do mundo e de seu ventre nasceram quase todos os Orixás, por isso ela é considerada a Grande Mãe. Ela também dá à luz as estrelas e as nuvens, tendo poder sobre a humanidade.
Outras histórias contam ainda que Iemanjá é esposa de Orunmilá, o advinho. Em determinado momento que Orunmilá viajou, Iemanjá para não morrer de fome jogou os búzios do marido, conseguindo assim uma grande clientela e dinheiro. Iemanjá acessa deste forma o poder do oráculo, ainda que repreendida pelo marido. Contrariado o marido leva Iemanjá perante Olodumare que confirma a ela que Orunmilá seria o único deterntor de todos os mistérios, mas dá a ela o direito de acessar alguns mistérios mais fáceis do oráculo, ganhando assim uma atribuição que antes era somente masculina.
Ela também é considerada “a protetora de todas as cabeças”, desta forma, na cerimônia de Bori no Candomblé, sempre rende-se homenagem a Iemanjá.
A sua representação simboliza a Grande Mãe e por isso, no sincretismo está associada a Nossa Senhora, mãe de Jesus. A depender da região do Brasil essa associação pode variar, sendo Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora dos Navegantes, as mais encontradas.
No Brasil, a devoção a Iemanjá está muito ligada a várias lendas de pescadores que encontraram na fé a Rainha do Mar, a força para vencer as dificuldades do dia-a-dia.
Algumas lendas contam que o mar estava sem peixe há vários dias e um dos pescadores, desesperado a beira de passar fome, sem ter como sustentar sua família, ora a Deus e sai para pescar.
Ao jogar a rede, mais uma vez não veio nenhum peixe. Entretanto, desta vez ele pesca uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Ele leva essa imagem para a colônia de pescadores e convocando seus amigos pescadores, oram com fervor a Santa que ganha um local de destaque dentro na colônia. Prometem que se conseguirem pescar durante todo ano, prestariam homenagens a santa no mar, com flores e perfume anualmente.
Saindo à pesca, ao jogar a rede, conseguiram pegar tantos peixes que além de alimentar todos da colônia, venderam para sustentar suas famílias e nunca mais faltou peixe no mar. Desta forma, a tradição foi se espalhando, de colônia a colônia, de porto a porto, até que em todo o Brasil, rende-se homenagens a Iemanjá, a Rainha do Mar.
Na Bahia, seu culto acontece no dia 2 de fevereiro na tradicional Festa de Iemanjá em Salvador, no bairro do Rio Vermelho. No dia 08 de dezembro acontece a missa de Nossa Senhora da Conceição na Igreja da Santa, no bairro do Comércio.
Em São Paulo, as homenagens a Iemanjá acontecem no dia 02 de fevereiro, pelos Candomblecistas e 08 de dezembro, pelos Umbandistas na Baixada Santista. A Praia Grande e a Praia de Monguagá recebem milhares de fiéis no mês de dezembro que montam tendas para prestar-lhes homenagens.
No Rio de Janeiro, as homenagens a Iemanjá são celebradas no dia 31 de dezembro. Pois eles consideram que o novo ano é o momento de renovar os votos de fé nas águas do mar. Saudando assim Iemanjá.
Odoyá, Salve a Rainha do Mar!
Artigo publicado no Jornal Aldeia de Caboclo – Ano 8 Nº 74 – Pag 4.