13 de maio – Feliz aniversário FUGABC – Saravá Pretos Velhos !

1972 – NO INÍCIO DE TUDO.

A escolha da data de fundação da Federação Umbandista do Grande ABC – FUGABC foi no mesmo dia em que comemoramos e saudamos nossos queridos e amados vovôs e vovós pretos velhos, que tanto nos encantam e  nos ensinam.

Ao ser instituída, em maio de 1972 a FUGABC já incluía a preservação ambiental como uma das razões de sua existência, um objeto de cuidado que seria compartilhado com seus filiados. O principal valor  a ser difundido, já que a natureza é indispensável para a prática da religião.  Junto a essas premissas  estão ainda a difusão de ideias e a assistência social.

Nessa época a sociedade não se preocupava com o meio ambiente, pois acreditava ser uma fonte inesgotável.  Em razão disso, em junho de 1972 a Suécia sediou a Conferência de Estocolmo sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano (a primeira nesse sentido), a fim de discutir ações para a conscientização social em relação ao meio ambiente, de forma que, mesmo atendendo as necessidades do momento, as gerações futuras não fossem prejudicadas.  Essa conferência resultou em 26 princípios e a criação de um programa chamado “Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente”.

A FUGABC já nascia com essa preocupação, com espírito grandioso, para ser inovadora, para abrir caminhos e para tornar-se referência numa época em que a intolerância religiosa contra a Umbanda e Candomblé crescia proporcionalmente ao crescimento das religiões neopentecostais que utilizavam a TV para sessões de  exorcismos e desobcessões.

CAMINHANDO E CONSTRUINDO.

Em busca de respostas Pai Ronaldo encontrou Zélio Fernandino de Moraes e, a partir daí, não demorou muito para que o grupo de estudos se transformasse no primeiro Curso de Formação Sacerdotal do país. Os Sacerdotes umbandistas formados pela Federação Umbandista do Grande ABC eram diplomados no palco do mais famoso Teatro de São Caetano do Sul, o Teatro Municipal Santos Dumont.  Seus 370 lugares eram insuficientes para a plateia.

A decisão de construir o Templo-sede da FUGABC foi impactante e arrojada para a época (ainda na década de 1970).  A falta de recursos fez a Federação organizar festas, bailes e viagens entre outras atividades a fim de custear a obra, que  foi toda construída em blocos de concreto especiais (da empresa Verobloco), de alta qualidade e que dispensavam acabamento, despendendo menos recursos na finalização da obra.

As primeiras Festas à Iemanjá da FUGABC foram realizadas na Praia Grande, e em 1998 foi transferida para Mongaguá, onde já foram realizadas 31 festividades.

Enquanto isso o Santuário Nacional da Umbanda era, na prefeitura de Santo André, tema para inúmeras reuniões.  Pai Ronaldo esforçava-se para que entendessem a importância e a necessidade da  religião em ter um espaço para suas práticas religiosas.

SUPERANDO AS DIFICULDADES.

No dia do lançamento da pedra fundamental da Casa de Pai Benedito de Aruanda – CPB, o Templo-sede da Federação, estavam presentes as autoridades civis e municipais.  Os filiados em seus trajes brancos encheram as três ruas que contornam a CPB e houve uma queima grande de fogos. Naquela manhã de domingo os moradores dos bairros próximos ouviram o som dos rojões marcando a data do início da construção do maior Templo de Umbanda da cidade.

Hoje a CPB tem em seu corpo mediúnico em torno de 250 médiuns que acolhem e dão atendimento espiritual gratuito para quase 600 pessoas por semana.

A organização da Festa à Iemanjá foi evoluindo a cada ano e atualmente muitos Templos não filiados fazem questão de renderem suas homenagens à Iemanjá na faixa de areia ocupada pela FUGABC.  A cada festa mais pessoas participam e mais turistas têm comparecido. A FUGABC tem se modernizado para atender cada vez melhor seus filiados.

O Santuário Nacional da Umbanda precisou de muita ajuda para chegar ao formato que se encontra hoje, ou seja, a forma que Pai Ronaldo havia idealizado: de terra arrasada a um bosque sagrado.  Registrado como Patrimônio Cultural Imaterial para as Práticas das Religiões de Matrizes Africanas têm em torno de 100.000 visitantes por ano. Acadêmicos, jornalistas e canais de TV têm ido ao Santuário em busca de pesquisas e matérias sobre os mais diferentes temas que envolvem religião e meio ambiente.

As redes sociais levaram o Santuário, a CPB e a FUGABC a locais bem mais distantes e o número de seguidores e visitantes vêm aumentando a cada ano.

OS VERDADEIROS PARCEIROS.

É importante ressaltar que os maiores parceiros da FUGABC sempre foram seus filiados.  Parceiros que sempre os estenderam as mãos quando necessário. 

Durante a construção da CPB os filiados que participavam das festas juninas, que lotavam os salões de bailes e dançavam até as 04h da manhã, eram eles que lotavam os ônibus e viajavam com a FUGABC provendo as receitas necessárias para a continuação da obra.

No início do Santuário, foram basicamente nossos filiados que ajudaram a reflorestar o espaço e, eram eles que ali estavam colorindo de branco o fundo do vale, na comemoração dos 100 anos da Umbanda em 2008.

Durante a pandemia muitos fizeram questão de pagar suas mensalidades, entendendo que era um período difícil para todos.

UMA LONGA JORNADA.

Passando um ano de meio século, aos 51 anos de idade, já estruturada, consolidada e reconhecida como uma instituição séria em seus princípios, comprometida com sua missão e sempre apoiada em seus valores, a FUGABC chega àquela fase em que já se consegue fazer um primeiro balanço da caminhada, já tem idade para um olhar maduro, mais realista e criterioso.

A FUGABC é uma instituição religiosa.  Seu trabalho e sua preocupação são para com seus irmãos de fé.  Seu sucesso é o bem-estar dos seus irmãos de fé.  Seu dia a dia é caminhar ao lado dos filiados, dos alunos, dos funcionários, dos médiuns da CPB e dos frequentadores do Santuário.

Então esse é um bom momento para se pensar que ao se fazer uma jornada é impossível não ter uma decepção, não ter feito algo que não ficou perfeito, não ter um momento de crise, não tomar uma atitude errada, não ter se despedido de um amigo, não ter se afastado de outro.

A FUGABC foi crescendo enquanto plantava suas raízes, enquanto se impunha desafios, enquanto abria caminhos, enquanto não se importava com julgamentos intolerantes.   A FUGABC cresceu enquanto atravessou um “inverno pandêmico” sem perder a fé, valorizando os que estavam ao seu redor, servindo de exemplo, semeando amor e dando mais do que recebeu.

A IMPORTÂNCIA DOS COLABORADORES.

A equipe da FUGABC é composta de poucas pessoas (quase todos de longa data), pois é o que está dentro de suas possibilidades.  Poucas pessoas que se orgulham do que fazem, que têm prazer em atender, que procuram melhorar sempre e que se comprometem com o outro a cada dia, porque a FUGABC é um espaço de fé e de dedicação. 

2023 – A CERTEZA E A SEGURANÇA VEM COM O OLHAR DA FÉ.

A Federação Umbandista do Grande ABC, a Casa de Pai Benedito de Aruanda e o Santuário Nacional da Umbanda  são como pequenos milagres que a vida nos presenteia. 

Mesmo tendo no início um cenário desfavorável, poucos recursos e um espaço devastado, uma caminhada de conquistas foi possível graças aos parceiros de jornada e a ajuda dos colaboradores.

Muitas coisas acontecem, muitos problemas aparecem, porém tudo depende do olhar de quem acredita, e quem está à frente, porque quem já tem fé, mesmo plantando no deserto está enxergando o campo florido.

Parabéns FUGABC, Parabéns Pai Ronaldo Linares e parabéns a todos que fazem parte da “família FUGABC”.