Abaluaiê, Obaluaê, Omulu ou Xapanã são as diversas nomes deste Orixá tão temido por ser o Orixá da morte e da cura. Abaluaiê é o responsável por encaminhar as almas ao mundo dos mortes. É o Orixá que possui o conhecimento e a domínio sobre as perdas, as doenças e as pestes, sendo o responsável pelas transformações.
Na mitologia Iorubá, Abaluaiê desobedece sua mãe e é castigado com a varíola. Sua pele se abre de feridas e, por vergonha, ele não quer entrar na festa dos Orixás. Ogum, ao perceber sua angústia, cobre todo o corpo dele com palha da costa (mariô). Inhaçã o vendo dançar, sopra uma ventania forte sobre as palhas de Abaluaiê e transforma suas feridas em uma chuva de pipocas, curando-o e compartilhando com ele o poder único de abrir e interromper as demandas dos mortos sobre os homens. A beleza de Abaluaiê resplandeceu como um grande sol.
Outra versão conta que ele já nascera doente e sua mãe Nanã Buruquê o abandona numa gruta perto da praia. Ela teria sido adotado por Iemanjá que cura suas feridas. Mas, ele tinha muita vergonha das marcas na pele que a doença deixou e por isso andava curvo e cabisbaixo, com o corpo coberto de mariô para não mostrar as cicatrizes.
Por isso, a imagem do Orixá é um homem que não mostra o rosto, curvo e geralmente esconde-se embaixo de um pano quando incorpora nos templos. O principal ritual que se faz para Abaluaiê é o banho de pipoca, invocando-o para a cura dos doentes.
No sincretismo religioso, Abaluaiê representa São Lázaro, seguidor fiel e amigo pessoal de Jesus. Sua integridade e religiosidade era respeitado pela comunidade hebraica. Lázaro morreu de lepra e foi ressuscitado quatro dias depois por Jesus, sendo considerado “aquele que retornou do mundo dos mortos”. A imagem dele sempre aparece com um cachorro que lambia suas feridas, por isso é considerado também o protetor dos animais. Pode ser sincretizado também com São Roque e São Bento.
Oferendas e Saudação
A cor de Abaluaiê é o preto e a vela utilizada é branco e preto. O dia da semana é segunda-feira. É homenageado no dia 02 de novembro – Dia dos Finados e também 17 de dezembro – Dia de São Lázaro, pela Igreja Católica.
A saudação utilizada é “Atotô Abaluaiê” e seu campo de força é o cemitério (calunga pequena). Por isso, seus trabalhos geralmente são entregues nos cemitérios. Ele carrega na mão seu instrumento, o Xaxará, para afastar os espíritos dos mortos (eguns).
Suas oferendas são pipocas estouradas com areia da praia ou azeite de dendê e coco e são entregues em um alguidar de barro. Sua energia está relacionada com o elemento terra.