A Praça do Povo Cigano fica logo após a Casa dos Pretos-Velhos, aonde encontra-se o monumento de Santa Sara Kali.
Linha das mais recentes a trabalhar na Umbanda, o Povo Cigano manisfesta-se na Linha de Trabalho do Oriente na Direita, apesar de existir Pomba Gira Cigana tratando-se de outra Linha na Esquerda. Carrega grande admiração dos umbandistas pela alegria e encantamentos mágicos que transmite. É um povo de muita liberdade, leveza e poder e traz a força do fogo, em sintonia com Inhaçã e Xangô.
São nomes comuns: Sulamita, Das Matas Virgens, Carmensita, Esmeralda, Jade, Cristal, Vladimir, Jacob, Sandro, dentre outros. Seus trabalhos são voltados para o amor, família, prosperidade e abertura de caminhos.
Sara Kali é a padroeira do Povo Cigano e é considerada santa pela Igreja Católica, a qual a canonizou em 1712, apesar de seu culto ser pouco divulgado pela Igreja. O que se sabe é que Sara era escrava e teria convivido com Jesus, tendo sobrevivido a um atentado no mar, graças a sua fé.
O culto ao Povo Cigano costuma utilizar elementos como as pedras preciosas e os cristais. É comum também consultas com o Tarô Cigano e a utilização de elementos como incenso de canela, mirra e muita dança e fartura, já que o povo cigano é muito alegre e festivo.
Roupas e adereços
A tradição cigana carrega muitas cores e enfeites. As roupas são cheias de lenços, xales e moedas douradas penduradas. As mulheres costumam usar pulseiras, argolas e anéis coloridos. Muitos amarram lenços na cabeça, seguindo a lenda de Santa Sara que jurou permanecer de cabeça coberta como símbolo de sua fé e santidade. Também é comum o uso de leques e instrumentos musicais como as castanholas, a meia lua e o pandeiro enfeitados com fitas coloridas.
Saudação e oferendas
A saudação usada para o Povo Cigano é “Optchá” e “Alê Arriba”. Suas oferendas são vinho, pães e frutas frescas e secas, flores e incensos de mirra, jasmim, alecrim e cravo e canela. As velas geralmente são douradas, vermelho, branco e vermelho ou laranja, mas podem variar a depender do Guia. Seu dia de homenagem é 24 de maio – Dia de Santa Sara Kali.
Lenda de Santa Sara Kali – Fonte: Embaixada Cigana
“A primeira menção histórica a respeito de Sarah la Kali foi encontrada em um texto escrito em 1521, por Vincent Philippon intitulado, A Lenda das Santas-Marias. Suas páginas manuscritas encontram-se agora na biblioteca de Arles. Nesta versão da lenda, Sarah vivia em Camargue, sul da França (sem mais detalhes) entre ciganos do clã Sinte.
De acordo com outra narrativa, Sarah era de nascença uma egípcia e foi para a Palestina como escrava de José de Arimatéia. Este, que no ano 50 d.C empreendeu fuga da perseguição romana aos cristãos, viajando através do mar em uma pequena embarcação acompanhado de Maria Jacobina (irmã de Maria de Nazaré), Maria Salomé(mãe dos apóstolos João e Tiago) e Maria (mãe de Jesus). Eles se depararam com uma tempestade severa e segundo essa versão da lenda, Sarah guiou a todos, por meio da leitura das estrelas, para a costa distante, no sul da França.
Em outra lenda que nós, ciganos Sinte, acreditamos muito mais …Sarah la Kali foi uma cigana que estava acampada na costa ao sul da França, quando o barco em questão se aproximou. E o contato entre ela e as “marias vindas do mar” se deu da seguinte forma: de acordo com Franz Ville, autor do livro (Tziganes, editado em Bruxelas 1956): ” Uma de nossa gente foi quem recebeu a primeira revelação e essa pessoa foi Sarah la Kali. Nascida em uma família cigana, Sarah la Kali foi a pessoa principal de seu clã em Rhone (antigo nome da atual cidade de Saint Marie de La Mer). Ela foi escolhida como sacerdotisa-iniciada nos elementos Terra, Água e Ar e é por esse motivo que se vestia de preto, daí seu nome Sarah la Kali (em Romanês, Kali significa preto). Conhecedora de todos os segredos a ela transmitidos, e diga-se de passagem eram muitos os segredos; pois nós, ciganos, a esse tempo já conhecíamos os fundamentos de várias religiões e dominávamos várias formas de ocultismo. Nessa época uma vez por ano, os ciganos Sinte colocavam em seus ombros a estátua de ISHTAR (a filha da Lua) e entravam no mar para receber suas bençãos ( fato que atualmente ocorre com a imagem de Sarah la Kali). Ainda há registros nas tradições orais em Romani desta parte da lenda:
” um dia Sarah la Kali teve visões que a informaram: as “marias” que estiveram presentes à morte de Jesus viriam para sua região e que ela as ajudaria. Sarah viu-as chegando em um barco. O mar estava bravio e ameaçava afundar a embarcação. Sarah lançou seu lenço nas ondas e, usando o mesmo, caminhou sobre as águas ajudando as “marias” a desembarcarem em segurança…”
Muitas pessoas não entendem a diferença dos Ciganos da Linha do Oriente para os Ciganos da Linha de Esquerda. Visite a página Reino dos Exus para entender melhor!