Xangô é o Senhor da Justiça, o Orixá da Lei. Rege os domínios do fogo, expresso nos raios e nas lavas de vulcão. Seu axé está nas pedreiras. É considerado de grande poder, Orixá justiceiro por isso, para se pedir justiça a Xangô é necessário que seja realmente justa a situação, pois ele olhará os dois lados da situação. Por isso, seu instrumento é o Oxé (o machado de duas lâminas). Corresponde a Sexta Linha da Umbanda. É a representação do espírito maduro, grande líder, conhecedor do bem e do mal. Seus filhos geralmente tem o temperamento forte e são realizadores de grandes conquistas.
Na mitologia Iorubá, Xangô foi coroado Rei de Oió e tornou-se ainda Rei de Cossô. Teve três esposas: Oxum, Obá e Inhaça, esta última seu mais intenso amor. Para conquistar Inhaça, Xangô teve que vencer a guerra contra Ogum. Ogum veio com sua armadura e espada e Xangô possuía apenas uma pedra na mão. Mas, a pedra de Xangô era um meteorito que soltava chamas, era pedra de raio (edum ará) e ao atingir Ogum, ele pegou fogo e foi destruído por Xangô, que ganhou assim o amor eterno de Inhaça.
Em outro Itã, Xangô foi convidado a participar de uma cerimônia aos eguns (espíritos dos mortos). Xangô deveria manter segredo sobre o que vira, mas não cumpriu o combinado. Por isso, Xangô ficou proibido de participar de cultos aos eguns e é comum seus filhos odiarem cemitérios e cerimônias fúnebres.
No sincretismo religioso, Xangô representa São Jerônimo, o santo católico que foi responsável por traduzir a Bíblia Sagrada para o Latim. Por tanto, o santo que “escreve a Lei de Deus”. Também é sincretizado com São João Batista, aquele que fora prometido a Deus desde o ventre e batizava nas águas os filhos de Deus. João veio anunciar a chegada do Messias e reconheceu e batizou Jesus Cristo. Foi o último dos profetas. Já São Pedro foi o primeiro discípulo de Jesus e teria recebido dele as chaves das portas do céu, as quais poderiam ser abertas e fechadas com as chuvas e trovões, segundo a vontade de Pedro. A depender da região do Brasil um desses três Santos representam Xangô.
Oferendas e Saudação
O dia da semana de Xangô é quarta-feira. Sua cor é o marrom, em alguns templos o vermelho e branco (mais comum nos Candomblés). Suas homenagens acontecem no dia 30 de setembro, dia de morte de São Jerônimo, ou dias 24 de junho – São João Batista e 29 junho – São Pedro. Suas oferendas são as flores marrons, cerveja preta, fumo e o famoso Amalá de Xangô, oferenda preparada com quiabos e muito tradicional nos Candomblés. Sua saudação é “Caô Cabiecilê” ou “Kaô Kabecilê”.